O problema é que hoje temos dificuldade de viver os silêncios da vida e de parar. De escutar nosso corpo, nosso coração, nosso respirar, nossos limites. Hoje falamos durante mais de 1h sobre silêncio no grupo de estudos que participo, da importância que se tem, pois o silêncio nos convida a pensar, nos convida a sentir, nos convida a falar. Ele impressiona e sempre nos serve nem que seja para se de (parar)!
Quando saio, me deparo então com uma notícia triste de um jovem de 26 anos que morreu correndo numa maratona de rua proposta pelo grupo empresarial comandado pelo coach Pablo Marçal, no Alphaville, em São Paulo. A distância proposta inicialmente era de 21km e foi dobrada para 42km na última hora pela organização.
No vídeo, enquanto corria, gravou que na vida é preciso pessoas de referência e tudo que essa pessoa fizer, ele também estava fazendo para alcançá-la. De que essa pessoa não vai te esperar e que se quisermos segui-la, então será preciso se lascar para alcançar a referência. Diz ainda: “Vocês com desculpas aí para fazer os treinos, para fazer acontecer. Marcelo (a pessoa que ele pega de referência) está dando aula da mentoria enquanto está correndo. Duas coisas ao mesmo tempo — disse Teixeira”.
E é assim que estamos hoje em dia, as pessoas se comparam todo dia com quem faz mais, com quem pode mais, com o mais completo. As redes sociais também ajudam a vivermos nesse mundo imaginário (mencionando Lacan), de que tudo é possível para todos, de que todos estão felizes nas fotos. Não, não somos seres invencíveis, completos! Precisamos entender nossos limites, eles existem!
Cada vez mais temos pessoas iguais, pensando iguais, seguindo essas referências, se despersonalizando, se anestesiando com o outro, se desafetando de si! A custa de que? Quanto de sofrimento é preciso? E cada vez menos temos pessoas que conseguem se diferenciar e se apropriar da sua marca, do seu jeito! E isso é da cultura, mas podemos questionar, ou não dá mais tempo??
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